Dia das mães: Estudantes de coletivo da UFSJ participam de e-book <br />

Publicada em 12/05/2023

Na semana em que se celebra o Dia das Mães, é importante falarmos, também, das estudantes mães da UFSJ. 

O Coletivo Estudantes Mães (R) Existem da UFSJ assina um dos capítulos do e-book "Por onde andamos?". Lançado este ano no Rio de Janeiro, o livro dá visibilidade a vozes do cotidiano materno-acadêmico.

O conteúdo traz entraves enfrentados por mulheres-mães e narra projetos e experiências que levaram à conquista de direitos e espaços em diversas regiões do país e universidades. A obra está disponível para download neste link.

O texto foi escrito pelas integrantes do coletivo Anna Luiza Fernandes, Lislane Coelho e Rita de Cássia Moreira. Intitulado Estudantes mães (R)existem: um projeto feito por mães dentro da UFSJ, o capítulo aborda história do coletivo, iniciativas e a importância do grupo para as mães da universidade.

O projeto surgiu como um grupo de Whatsapp, em que mães de todos os campi contavam suas histórias e expunham suas demandas. A sensação de invisibilidade foi o mote para essa iniciativa, como destacam as autoras – como conciliar estudo, trabalho e maternidade, se essa é uma existência negada por muitos?

“O coletivo se move a compartilhar frequentemente no grupo do Whatsapp, tanto eventos quanto pautas a serem cobradas, na tentativa de proporcionar a oportunidade de que alguma mãe participe, afinal, qualquer mãe estudante sabe falar sobre maternidade. Imaginávamos as mães se unindo, compartilhando projetos, falando sobre o maternar de cada uma”, contam.

A criação desta rede de apoio, que foi se fortalecendo, foi o que possibilitou dar voz à essas estudantes-mães e garantir seus espaços dentro e fora da Universidade. Um documentário também foi produzido, em muitas mãos, para ilustrar ainda mais essa realidade. Intitulado Hora InCerta, a obra busca instruir acerca dos direitos e das políticas de acessibilidade existentes dentro da legislação brasileira sob forma de inclusão de mulheres, além de provocar sobre a “hora certa” para ser mãe – ela existe?

Segundo Lislane Coelho, a publicação do e-book surgiu pelo Coletivo Nacional de Mães: “É onde mães cientistas, pesquisadoras, artistas, militantes e feministas se unem para lutar por essa causa. Com desejo de ler, publicar, saber histórias e lutas e coletivos de mães existentes no Brasil, foi organizado esse e-book, convidando aquelas que tivessem interesse em participar”, explica.

A obra é uma forma de expor os desafios vividos por essas mulheres, como a “falta de empatia dos professores, principalmente quando os filhos adoecem e mães têm que faltar à provas e trabalhos para acompanhar os filhos; a falta de locais para deixarem as crianças durante as aulas, como creches”, explica Lislane.

A taxa de evasão dessas estudantes, seja no ensino superior ou até mesmo no ensino médio, é altíssima, o que reflete a falta de estrutura e apoio para com essas mães estudantes. De acordo com Anna Fernandes, a dificuldade em conciliar as diversas jornadas é o principal fator que leva essas mães a abandonarem os estudos: “Quando você engravida, uma boa parte das pessoas acredita que sua vida acabou, e que a partir daí você tem mesmo é que largar a faculdade e desistir dos seus sonhos, seus estudos, de ser uma profissional.”

Movimentos
Uma das conquistas do Coletivo, segundo Lislane, foi a extensão de um semestre on-line para mães com filhos menores de cinco anos, após o retorno presencial. Como ainda não havia vacinas para as crianças, não havia segurança nesse retorno: “o regime especial foi uma conquista fundamental”, avalia.

Anna aponta outro progresso: a representatividade. “A colagem de lambes é muito significativa para as mães, porque representa validação e rede de apoio. A gente se sente totalmente sozinha na faculdade. Saber que o coletivo existe e que temos não só espaço para a fala, mas também ajuda para buscar nossos direitos é super significativo.”

“A UFSJ tem sido muito importante para minha formação acadêmica e profissional, falo com muito orgulho da minha universidade. Mas poderia ter sido muito mais fácil, sabe? Não sei o que seria de mim se não fosse o Coletivo”, desafaba.

Contudo, são muitos os desafios que ainda persistem: “Estamos organizando um documento com todas as demandas que necessitamos, como auxílio permanência, cartão para acesso ao RU para os filhos menores de 12 anos, promoção de políticas de permanência, não apenas na Universidade, mas também junto à prefeitura”, explica Lislane.

“A sobrecarga atrapalha a conseguir participar de atividades acadêmicas e até mesmo ter disponibilidade para estágios e vínculos profissionais”, destaca Anna.

“Como uma das demandas das mães é a falta de oportunidade de trabalho, principalmente das mães solos, mexendo com o financeiro da família, estamos abrindo uma vaquinha online para ajudar essas mães”. Para contribuir, o link está disponível aqui.

Acompanhe o trabalho do Coletivo Estudantes Mães (R)Existem através de suas redes sociais!

Núcleo Materna
A obra foi organizada pelo Núcleo Virtual de Pesquisa em Gênero e Maternidade - Núcleo Materna - que reúne mães docentes, pós-graduandas, discentes de graduação e ativistas da causa materna. O grupo busca por meio de iniciativas visibilizar e incentivar os estudos em maternidade em todos os espaços, em especial no espaço universitário.
 

Texto: Gabriella Canuto (Estagiária ASREC)

Edição: Cibele de Moraes (ASCOM) Orientação: Luciene Tófoli (ASREC)