Parlamentares mineiras falam sobre políticas para permanência de estudantes nas federais

Publicada em 12/05/2023

Encontro faz parte das comemorações dos 36 anos de federalização da UFSJ

Em comemoração aos seus 36 anos, a UFSJ realizou mais uma agenda de atividades recebendo a deputada federal Ana Pimentel, professora do curso de Medicina/CDB (atualmente licenciada), e a deputada estadual Lohanna França, egressa do curso de Bioquímica (CCO). O debate Permanência estudantil nas universidades públicas: perspectivas e desafios aconteceu na última sexta, 5 de maio, com a presença do reitor, Marcelo Andrade, e da pró-reitora de Ensino de Graduação (Proen), Cristiane Finzi. 

 

 O evento está disponível na íntegra no site da TV UFSJ.

 

Abertura

Foi diante de um auditório repleto e participativo que se deu mais um fundamental debate promovido pela reitoria nesses 36 anos da UFSJ. 

 

Cristiane Finzi abriu a mesa com a boa notícia de que os números de evasão na UFSJ diminuíram. “Em 2023, tivemos 84% das vagas preenchidas. Ainda não estamos na nossa capacidade histórica que é de 92%, mas após os duros anos de pandemia, já melhorou muito". Finzi também apontou outros dados para se comemorar, “20 dos 54 dos cursos estão com 100% dos número de vagas preenchido, 15%, entre 70% e 100% e os demais, acima de 58% das vagas preenchidas.”

 

Para a pró-reitora, “o acesso à universidade significa ingressar, permanecer e diplomar, e para isso, o aluno precisa de condições para se manter na universidade, o que depende de políticas públicas.”

 

Marcelo Andrade destacou a importância da discussão da temática em questão, visto que o desafio da permanência dos estudantes é uma dificuldade no sistema federal de ensino. “Além da questão da permanência, temos a dificuldade de preenchimento das vagas, e isso vem de um contexto que engloba a pandemia e a desqualificação da educação advinda do governo anterior”, afirma o reitor.

 

Debate

Ana Pimentel, que é médica e esteve à frente da secretaria de saúde de Juiz de Fora (MG) durante a pandemia, deu início à sua fala com a emocionante notícia da OMS no mesmo dia do evento - o fim da emergência sanitária da covid-19 no mundo. “Nós que passamos os últimos anos defendendo a universidade, a ciência e o SUS e a vacinação como estratégia de superação da covid, esperamos muito por este momento!” 

 

A deputada federal, explica que o que houve nos últimos anos na educação superior foi uma estratégia de constante contingenciamento na qual a gestão das reitorias funcionou como uma mola, pois não tinha previsibilidade do que se podia fazer. “Foi uma estratégia técnica e política de desmonte por dentro. A campanha contra as universidades, a ciência e a tecnologia foi ideológica, quando fomos chamadas de balburdiadores, e de plantadores de maconha”, complementa.

 

Ana reafirma que o novo governo chegou recompondo o orçamento e aumentando as bolsas de pós-graduação e que, mesmo sendo um valor insuficiente, é um aceno de que essa é uma agenda prioritária no país. “Somos um país marcado pela desigualdade e sempre sonhamos que a universidade refletisse isso. E hoje 70% dos nossos estudantes são de “baixa renda”. E o desafio é grande de fazer com esses estudantes que entram, consigam sair da universidade”, analisa a deputada.

 

Ana Pimentel, finalizou afirmando que um dos seus desafios como deputada é fazer com que o Plano Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes) vire uma política estruturante das universidades, concebida pelo Governo Federal em interface com a política de assistência social e de saúde, para que seja possível garantir a permanência do aluno na universidade.

 

A deputada estadual Lohanna França compartilhou sua experiência como estudante e vereadora em Divinópolis retomando a importância do apoio dos municípios às universidades, o que ela afirma, muitas vezes não acontecer nas cidades menores, nas quais as lutas dos estudantes são vistas como atitudes transgressoras. “Em Minas Gerais os alunos não estão terminando o ensino médio e o nível de evasão é enorme. O número é alarmante, são  36% de evasão escolar. Essa era uma questão  já  superada, e que voltou à pauta de discussão.” Diante desses dados, a deputada analisa que a permanência estudantil tem que ser discutida bem antes dos alunos chegarem às universidades. “A situação que temos hoje em nosso estado é desesperadora. Temos um cenário onde a perspectiva do governador é de privatização das universidades. Não adianta ter acesso sem ter permanência. E essa será uma luta nossa, garantir que os retrocessos não acontecerão”, comenta Lohanna.

 

No momento de debate com o público presente, pontos importantes foram discutidos, como ampliação dos RUs, moradia, permanência dos alunos com deficiência, acesso à saúde primária dos estudantes, manutenção de estudantes com transtorno do espectro autista (TEA) e ações para que seja possível a permanência de mães estudantes nas instituições de ensino. 


 

Fechamento

Ao final do debate, o reitor Marcelo Andrade apontou dados importantes do movimento de recomposição das universidades no governo Lula. “Em orçamento de Pnaes, recebemos a quantia de 12 milhões. Não é o suficiente, mas é muito mais do que já tínhamos recebido nos últimos anos. Desse valor, 6 milhões são destinados para os RUs e outros 6 milhões para bolsas e convênios com médicos.” 

 

Marcelo destacou como a sua gestão vem trabalhando democraticamente todas as pautas em questão, além do diálogo junto aos estudantes. “Desde o início da nossa gestão conversamos com o movimento estudantil e eles sabem que 100% dos recursos do Pnaes são para manter os estudantes na UFSJ, atendendo os alunos em dificuldades socioeconômicas. A mesma abertura temos com o coletivo de mães.” Finzi reforçou que a Comissão Duda Salabert, que vem estabelecendo uma política institucional com foco na promoção da equidade e igualdade de gênero e no combate às violências contra as mulheres e as pessoas LGBTQIA+, também vai abranger a política de mães universitárias. 

 

O reitor afirmou ainda, que antes de tomar qualquer  decisão, ele sempre pensa primeiro nos alunos, e isso implica em a UFSJ ter um fórum permanente para se discutir a permanência dos estudantes na universidade .

 

Para Marcelo, “só existe universidade porque temos que formar o futuro, e o futuro são vocês alunos. Sempre lutaremos pela democracia, e para que todos possam se expressar, dando voz a todos, inclusive aos que pensam diferente de nós. Estamos atentos a todas as reivindicações de vocês. Estamos juntos na luta pela universidade pública no nosso país, e como diria Paulo Freire, a luta começa em nós mesmos!”

 

Com relação à saúde primária e à necessidade de espaços para que mães estudantes possam deixar seus filhos e frequentar a universidade, tanto Ana Pimentel quanto Lohana França fizeram questão de ressaltar que essas políticas são de responsabilidade dos municípios e essas ações devem ser cobradas dos gestores municipais.