XX CPC e o debate sobre os horizontes da pesquisa científica no Brasil

Publicada em 31/05/2023

A cerimônia de abertura do XX Congresso de Produção Científica e Acadêmica (XX CPC), contou com a palestra da diretora de Cooperações Institucionais, Internacionais e Inovação do CNPq, professora Dalila Oliveira.

O tema em debate foi Os novos horizontes da pesquisa no Brasil: cooperação institucional, internacional e inovação como estratégias de fortalecimento da pesquisa. A gravação completa do evento está disponível neste link.

Mesa de abertura
Presentes à mesa de honra, o reitor Marcelo Andrade, a vice-reitora Rosy Ribeiro, os pró-reitores de Pesquisa e Graduação, André Baldoni e Afonso de Alencastro Graça Filho, e os os pró-reitores de Extensão e Cultura, Francisco Brinati e Ana Cristina Reis.

O professor Chico Brinati abriu a cerimônia anunciando o novo nome da Proex. “Hoje é um dia marcante, quando passamos a chamar Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, no lugar de Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários.” O pró-reitor trouxe como reflexão o papel e o lugar da extensão universitária nesse momento histórico nas universidades – o da curricularização da extensão, debate que tem sido catalisado em todo o país, em conjunto com as pró-reitorias de Graduação. “As ações de extensão nos colocam em contato com o mundo lá fora, ações construídas no diálogo, sem unidirecionalidade do conhecimento. A Universidade atua como agente de transformação dos territórios para mudar a realidade em que ela está inserida, num processo de ensino e aprendizagem”, complementou.

André Baldoni destacou a importância do apoio do CNPq à pesquisa institucional, citando alguns números da UFSJ, como as 164 bolsas de Iniciação Científica, que correspondem a 23% das bolsas existentes. “O fomento tem sido essencial para conquistarmos indicadores de qualidade, na formação dos estudantes e na qualidade das pesquisas. Temos resultados relevantes na pesquisa em relação a diversos rankings de universidades do país”, afirmou o pró-reitor.

Baldoni destacou também a iniciação científica como um grande catalisador do desenvolvimento científico e tecnológico do país. “É o passo inicial de formação de pesquisadores capazes de responderem pelas demandas, em uma sociedade que carece de elos concretos e robustos entre a Ciência que nós produzimos e a parte da sociedade que está sendo desvirtuada pelo negacionismo, desinformação e notícias falsas.”

O reitor Marcelo Andrade reforçou o pacto da sua gestão em blindar as atividades fim: “Quadruplicamos os valores do fundo de publicações, ampliamos o orçamento da extensão, aumentamos as bolsas de monitoria, as de Iniciação Científica. Vamos ainda aumentar a bolsa de assistência estudantil, pois queremos que nossos alunos permaneçam na Universidade. Investimos na internacionalização e em leis que garantam a carreira das nossas pesquisadoras. A Ciência e a Extensão são campos políticos. Nós, cientistas e educadores, prezamos a humanidade, a dignidade e a vida. Que saibamos viver na diferença, respeitando uns aos outros. A universidade pública sobrevive e nós estamos na luta!”

Horizontes e esperança
“Quais são os nossos horizontes depois de tudo o que o Brasil passou nesses últimos seis anos?” Com essa questão, a professora Dalila Oliveira iniciou sua fala, instigando o público presente.

De acordo com a palestrante, nesse período, as universidades públicas no país perderam cerca de 40% de seu orçamento, além de todo o desrespeito à Ciência e à Pesquisa. Para ela, com o atual governo, “voltamos a respirar de forma mais livre, sem a censura sofrida, em especial as Ciências Humanas, que foram ridicularizadas publicamente.”

Dalila nos dá esperança de que o futuro será melhor, mas avisa que para isso é necessário cuidarmos do presente: “Embora tenhamos muitos planos, precisamos de investimentos para que o Brasil volte de fato a crescer”, destacou.

A professora conta que uma dessas esperanças é o fato de hoje o CNPq ter, como gestor, um professor que é um dos dez mais importantes cientistas em sua área no mundo – Ricardo Galvão, ícone da resistência contra o negacionismo da Ciência. “Nós somos uma diretoria que quer estar próxima à sociedade e à comunidade acadêmica, pensando nos problemas que o Brasil precisa resolver para voltar a restabelecer muitos dos programas e parcerias que nos últimos anos o CNPq não pode levar adiante.”

A diretoria que Dalila coordena no CNPq trabalha com três agendas, o que ela chama de “três Is”: Institucional, Internacional e Inovação. Institucional é o setor que dialoga com as universidades, e cuida das bolsas repassadas aos programas de pós-graduação. “Nós vivemos num dos países mais desiguais do mundo. E a nossa igualdade, que tinha diminuído entre os anos de 2001 a 2015, voltou a crescer. A nossa sociedade sabe muito pouco sobre o que é uma política científica e um dos nossos primeiros objetivos é formação de recursos humanos, à qual nossa diretoria está vinculada. A nossa Ciência ainda é branca, masculina e mora no Sudeste, então precisamos pensar políticas afirmativas para diminuir essa desigualdade. O conhecimento humano tem que estar a serviço da felicidade humana”, analisou.

Dalila explicou como vêm trabalhando a agenda da internacionalização. “Está previsto para o dia 16 de junho a abertura do edital de bolsas para fora do país. O orçamento de partida é 25 milhões, mas estamos tentando chegar a 100 milhões com as parcerias. A atenção é para países da América Latina e da África. Temos muito a aprender com os nossos vizinhos e companheiros.”

O terceiro pilar, o da inovação, passa pelo fato de que a maior parte das pesquisas no país é feita nos programas de pós-graduação das universidades públicas, e o mais importante é que os pesquisadores consigam produzir conhecimentos que sejam transferíveis para a sociedade. “O desenvolvimento científico-tecnológico no Brasil tem que nos dar condição de ter soberania nessa área. A inovação também é matéria das universidades.” O que significa, para Dalila, que: “se o tripé que sustenta as universidades é o ensino, pesquisa e extensão, o campo científico hoje está baseado no tripé produção do conhecimento, tradução do conhecimento e transferência de conhecimento para a sociedade.”

Com base nas três agendas da diretoria do CNPq apresentadas pela professora Dalila, André Baldoni pontuou o que a UFSJ vem fazendo nesse sentido. “Em relação às ações afirmativas, conseguimos implementar 35% das bolsas para pós-graduação para essas ações e, recentemente, 10% das bolsas dos programas para servidores. Além disso, aprovamos a licença maternidade de seis meses com bolsa para mestrandas e doutorandas. No quesito internacionalização, este ano recebemos um número recorde de estudantes da África e da América do Sul. Quanto à política de inovação, está no Conselho Universitário para ser discutida e votada. Sobre a aproximação com a comunidade e com o ensino médio, nós temos hoje 140 bolsas de Pibic Jr. e Famig”, finalizou o pró-reitor.