Coordenador do Ministério da Igualdade Racial convida universidades a interagir com as comunidades invisíveis

Publicada em 31/05/2023

“A Universidade tem um papel desafiador, o de mostrar os invisíveis. Quando uma Universidade trabalha com essas comunidades, ela se torna mais viva.” Essa foi uma das ideias defendidas pelo coordenador-geral de Políticas para Quilombolas do Ministério da Igualdade Racial, Rozemberg Batista Dias, durante sua palestra, que encerrou, na sexta, 26, o XX Congresso de Produção Científica e Acadêmica da UFSJ (XX CPC).

Rozemberg falou aos presentes no auditório da Biblioteca do Campus Dom Bosco por videoconferência. O tema foi A universidade e os quilombolas, povos e comunidades tradicionais de matriz africana, povos de terreiros e ciganos: experiências e possibilidades. Há menos de seis meses no cargo, o palestrante tem larga experiência no trabalho com essas comunidades. Nascido num quilombo, ele é advogado, graduado pela Universidade Federal de Goiás, e há anos pesquisa o direito territorial quilombola.

Rozemberg se disse muito satisfeito com a oportunidade de falar à comunidade da UFSJ, “uma universidade pública que promove e divulga o conhecimento científico.” O desafio das universidades públicas, de interagir e realizar projetos com essas comunidades, é, segundo ele, um compromisso social da Academia. “A questão do direito, do acesso à educação vai de encontro a um resgate histórico. Quando falamos em quilombolas, povos de matriz africana, estamos falando de grupos que foram invisibilizados”, defendeu.

Para o pesquisador, a importância do envolvimento das universidades com essas comunidades é fundamental para romper no país os “ciclos de desigualdade e exclusão.” Rozemberg informou que hoje o Brasil possui cerca de três mil comunidades certificadas, com uma população de mais de um milhão de quilombolas. E é preciso que essas pessoas sejam incluídas por meio de cotas e também (e principalmente) de ações concretas que garantam a permanência nos cursos universitários.

Aquilomba Brasil
O diretor de Políticas para quilombolas falou também sobre o Programa Aquilomba Brasil, uma das sete medidas do pacote pela igualdade racial anunciado pela ministra Anielle Franco e pelo presidente Lula.

A iniciativa é composta por um conjunto de medidas intersetoriais voltadas à promoção dos direitos da população quilombola, com ênfase em quatro eixos temáticos: acesso à terra; infraestrutura e qualidade de vida; inclusão produtiva e desenvolvimento local; e direitos e cidadania. A estimativa é de que cerca de 214 mil famílias sejam beneficiadas direta ou indiretamente pelo programa. Porém, para Rozemberg, no que tange ao ensino superior, é necessário que as universidades federais se envolvam para o sucesso do Aquilomba Brasil. “No meio acadêmico, nota-se uma gama de trabalhos sobre essas populações, mas é preciso também que esses sujeitos, uma vez na universidade, se tornem protagonistas”, reiterou. Ao final de sua fala, Rozembergue Batista respondeu às perguntas do público.

XX CPC
A cerimônia de encerramento do XX CPC contou com as presenças do reitor Marcelo Andrade, da vice-reitora Rosy Ribeiro, da pró-reitora adjunta de Extensão e Cultura, Ana Cristina Faria, do pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação, André Baldoni, e do pró-reitor adjunto de Pesquisa e Pós-Graduação, Afonso de Alencastro.

A anfitriã, professora Ana Cristina, agradeceu a todos e destacou os projetos de extensão da UFSJ, que são realizados com “muito brilhantismo.” Já o pró-reitor Baldoni agradeceu a todos os setores e pessoas envolvidos na realização do maior evento de divulgação científica e acadêmica da instituição. O reitor Marcelo Andrade destacou a alegria pela realização do XX Congresso e revelou que a Reitoria deve encaminhar brevemente para discussão no Conselho Universitário resolução que concede o título de doutor honoris causa à deputada federal Célia Xacriabá. A proposta partiu da professora Leônia Chaves (Decis), pesquisadora da história indígena em Minas Gerais.

Pequenos violinistas
Após o rito oficial, a cerimônia contou com uma cativante apresentação das crianças do projeto Pequenos Grandes Violinistas, desenvolvido pela professora do Departamento de Música (Dmusi), Sofia Leandro. Durante a apresentação, os artistas mirins interagiram com a plateia, mostrando que a música pode unir pessoas dos 7 aos 70 anos. Após a apresentação musical, houve a entrega de certificados de destaque e menção honrosa do XX Congresso de Produção Científica e Acadêmica da UFSJ.

Assista à cerimônia de encerramento na íntegra neste link.