Servidor Público: sejamos todos um pouco poetas

Publicada em 28/10/2023

Comemorado no dia 28 de outubro, o Dia do Servidor Público é uma forma de reconhecimento aos profissionais do setor público. Essenciais, existimos para atender às necessidades da população em geral, e cuidar do que é de todos nós. Somos profissionais que prestam serviços à sociedade em áreas relevantes e, independente de qual partido esteja governando o país, garantimos o funcionamento de setores imprescindíveis como educação, saúde, segurança, justiça, assistência social e tantas outras.

Para que haja um serviço público de qualidade, comprometido com a construção de um país democrático, integralmente antenado com os anseios da população, é preciso que tenhamos servidores públicos competentes, bem remunerados, tratados com respeito e dignidade, ao mesmo tempo compromissados com a missão de servir eticamente ao interesse coletivo, sem distinções.

A atração pela carreira pública já cooptou grandes nomes da Literatura, como o poeta Carlos Drummond de Andrade que, além de grande autor, foi servidor público durante grande parte de sua vida.

Sua história no funcionalismo começou na mesma época em que se formou em Farmácia, em 1925. A seguir, iniciou a trajetória de escritor no Diário de Minas. Em 1934, transferiu-se para o Rio de Janeiro, onde foi Chefe de Gabinete no Ministério da Educação até 1945. Passou depois a trabalhar no Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (criado por Mário de Andrade), tendo se aposentado em 1962.

Além dele, tivemos muitos outros escritores que exerceram funções públicas: Machado de Assis, Mário de Andrade, Guimarães Rosa, Graciliano Ramos, Cecília Meireles, João Cabral de Melo Neto, Lygia Fagundes Telles.

Há quem diga que vem daí as más interpretações a respeito do funcionalismo público. Será que se pode mesmo atribuir essa culpa aos poetas, esses burocratas-escritores que dividiam seu tempo entre o expediente e o escrever verso e prosa? O fato é que muitos foram julgados por aqueles que imaginavam que esses servidores desperdiçavam os minutos de seu dia, reservados aos interesses da nação, no trato de quimeras pessoais.

Seja esse ou não o motivo da má fama atribuída ao servidor público, é preocupante observar as abordagens distorcidas sobre o papel do funcionalismo no Brasil, incluindo questionamentos sobre a estabilidade do cargo. Importa esclarecer que o serviço público, em seus diversos âmbitos, exige dedicação e qualificação constantes, a começar pelos disputados e rigorosos concursos. Que exemplo mais eloquente do que o casal Barack e Michelle Obama, que trocaram sólidos empregos em empresas privadas de advocacia pelo serviço público, passando a se dedicar à formação de jovens para a carreira pública?

A estabilidade existe para não permitir que, em trocas de governo, o quadro técnico seja substituído em favor de critérios político-ideológicos, o que poderia prejudicar os serviços fundamentais que exercemos. Evita-se, também, que influências partidárias e do exercício do poder interfiram em nossas atividades.

É importante, ainda, avaliar o falso conceito de que há excesso de funcionários públicos, pois isso não corresponde à realidade. De acordo com levantamento realizado pelo Instituto República.org com dados da International Labour Organization, o Brasil tem cerca de 11 milhões de servidores, em todas as esferas (Executivo, Legislativo e Judiciário). Esse contingente representa 12,4% dos trabalhadores ativos do país.

O estudo demonstra ainda que em vários países a proporção de servidores públicos em relação ao total de trabalhadores ativos é maior do que no Brasil: Estados Unidos (13,56%); França (20,28%); Dinamarca (30,34%); Suécia (24,99%); nossos vizinhos Argentina (19,31%), Uruguai (16,92%) e Chile (13,10%). Se analisarmos a média das nações que integram a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a proporção é de 23,48%. Os dados dizem respeito aos anos de 2019, 2020 e 2021.

Os censos da Educação mostram, por sua vez, que nosso país tem cerca de 2,6 milhões de professores, sendo 2,2 milhões lecionando na educação básica, dos quais 1,7 milhão trabalham na rede pública e 500 mil, na particular. Outros 397 mil atuam no ensino superior. Destes, 183 mil estão nas universidades federais e estaduais e 214 mil, nas instituições privadas.

Assim, neste 28 de outubro de 2023, a UFSJ homenageia seus servidores com um brinde aos poetas, construtores da utopia que nos guia: a do servir. Trouxemos algumas histórias, publicadas no ufsjbr, que contam um pouco do dia a dia de quem trabalha duro por aqui e faz do seu ofício poesia cotidiana! É uma pequena amostra de nossas potencialidades, que você pode expandir, compartilhando suas memórias.

Nosso agradecimento, colegas, à dedicação, ao empenho e ao afeto com que transformamos e reinventamos as rotas de crescimento da UFSJ.

 

Juliana Millen e Cibele de Moraes (ASCOM)